PA da zona sul! A Saúde que Ilhéus não merece e o desrespeito com a população
O que vimos foi um processo de mudança feito às pressas. Um contrato que desde janeiro, o governo ja teria a informação de que não seria renovado e que, só agora, no limite do prazo, resultou na transferência dos atendimentos para a UPA da Avenida Esperança. Uma unidade que, todos sabemos, já convive com graves problemas de superlotação e dificuldade para conseguir cumprir as demandas. Além disso, para quem mora na Zona Sul, significa atravessar a cidade em busca de atendimento (calculando muito por cima, uns 30 reais de caro de aplicativo, pelo menos, sem considerar a volta para casa e o horário).
É verdade que a gestão municipal aponta a abertura de uma sede provisória no Hernani Sá e promete uma nova estrutura definitiva no Nossa Senhora da Vitória em até 60 dias. Mas a população, cansada de promessas não cumpridas, se pergunta se dessa vez vai acontecer mesmo? Porque, até agora, o que se enxerga é improviso, descaso, falta de segurança e, principalmente, a sensação de abandono.
E ainda temos que ouvir sobre o “Complexo de Saúde do Banco da Vitória”, que mudaria a cara da saúde de Ilhéus e região – certo que a administração, tanto da Policlínica, como do Hospital Regional Costa do Cacau é de responsabilidade do Estado. Mas não, a saúde do povo ilheense (que é a quem me cabe falar), parece continuar sendo uma das últimas prioridades.
E é justamente por isso que precisamos, enquanto sociedade, refletir sobre o quanto estamos deixando de cobrar, de fiscalizar e de exigir o que é nosso por direito de não por favor. Não basta apenas reclamar nos corredores dos postos ou nas redes sociais. É necessário nos organizarmos, pressionarmos, acompanharmos, ocuparmos os espaços de discussão e mostrarmos que não vamos mais aceitar improviso e promessas que nunca saem do papel.
Outra coisa que sempre venho falando aqui e cabe mais uma vez é a necessidade de diálogo. Não dá para pensar na saúde de Ilhéus de forma isolada. O município precisa, urgentemente, construir uma ponte de diálogo real e maduro com o Estado e com a União. Porque saúde pública não se resolve sozinha, dentro de gabinetes ou influenciadas por embates politico-partidários. É uma rede que exige cooperação, articulação e, acima de tudo, responsabilidade. Sem isso, Ilhéus continuará carregando o fardo de uma saúde que, definitivamente, nós não merecemos.
E, no meio desse cenário caótico, há quem resista. Preciso falar aqui, reconhecer e agradecer a dedicação dos profissionais da saúde, aqueles que enfrentam estradas intransitáveis para chegar nos distritos e bairros distantes, aqueles que estão em cada sala de atendimento, em cada equipe da vigilância sanitária e epidemiológica que, mesmo com recursos limitados, busca levar mais dignidade à população. São eles que enfrentam a linha de frente com coragem, humanidade e compromisso. Profissionais que, mesmo diante da desvalorização histórica, das condições precárias de trabalho e até de riscos à própria segurança, continuam todos os dias a se entregar ao cuidado da população. Eles, sim, são grandes exemplos de humanidade e deveriam servir de inspiração para todos os administradores públicos.
É hora de pedir mais consciência e humanidade aos nossos governantes. Chega de tratar a vida dos ilheenses como moeda de troca em embates políticos ou interesses próprios. Temos profissionais dedicados, estruturas que poderiam tornar Ilhéus referência regional em saúde, mas nada disso se concretiza sem o compromisso sério daqueles que foram eleitos para proteger e servir o povo. É dever de vocês garantir uma saúde de qualidade, sem sofrimento ou medo ao ilheense, mas sim, com respeito e dignidade. Nós merecemos mais e é justamente isso que esperamos ver refletido nas ações de cada um de vocês que foram eleitos para estarem do nosso lado, do lado do povo de Ilhéus e não o contrário, como às vezes parece ser.
Artigo do professor, Curso Gabaritando, Emenson Silva.
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