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A questão da empregabilidade para mulheres


Não há como falarmos em autonomia das mulheres, sem lhes garantir acesso a possibilidades de emprego e renda.

Uma pesquisa realizada pelo Ipea revelou que a participação das mulheres no mercado de trabalho é a menor em trinta anos. Apesar dos números mostrarem uma alta nas últimas três décadas, a queda se deu graças a crise gerada pelo novo coronavírus. 

Uma das razões para as mulheres terem sido as maiores afetadas se dá ao fato de que a carga do trabalho não remunerado, em casa, se tornou muito mais intenso (para as mulheres). 

Sendo mais específica, aquelas mulheres que têm filhos pequenos representam um número ainda maior. Sem aulas acontecendo e creches interditadas, com quem essas mulheres poderiam deixar seus filhos? 

Mulheres negras e pobres, as quais representam o maior espaço nos trabalhos informais são as que mais precisam fazer renúncias para criar seus filhos. Sem o acesso às instituições de ensino, o desenvolvimento profissional, social e econômico dessas mães e crianças estão completamente comprometidos.

O auxílio emergencial para mães de R$1.200,00 foi uma saída adotada pelo governo, mas que ainda apresenta muitos problemas na aprovação, o que prejudica ainda mais a situação dessas mulheres afetadas pelo desemprego ou trabalhadoras autônomas. 

As barreiras não são nem de longe só estas, ainda que grande parte dessas mulheres possuam qualificações necessárias para ocupar o mercado de trabalho. 

Com o país dentro de uma crise econômica, as vagas de emprego estão cada vez mais raras e ainda que surjam oportunidades há entraves como o preconceito contra mulheres com filhos, mulheres mais velhas, mães solos, estereótipos de beleza que também é uma infeliz realidade e acaba impedindo o ingresso de muitas mulheres no mercado de trabalho. 

Ilhéus é uma cidade que tem como principal ramo econômico o comércio e, que cada vez mais acolhe indústrias e grandes atacadistas. Junto a isso é necessário pensar nas políticas públicas que incluam as mulheres nas estratégias de empregabilidade, observando todas as particularidades e barreiras que cada uma delas enfrentam, para que este grupo tenha ao menos a chance de ocupar os mais diversos setores da economia na cidade.

Fabíola Carvalho Gil

Especialista em Políticas Públicas para as Mulheres.

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