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Criança de dois anos morre após ter atendimento negado em hospital de Itabuna


 "A filha morreu no colo dela [da mãe] porque não atenderam", conta Eliomar Ribeiro, padrasto da pequena Eloísa Vitória, de 2 anos, que morreu em Itabuna, sul da Bahia, após família procurar atendimento médico na UPA e em um hospital da cidade, e não conseguir. A mãe da menina está grávida.

Eloísa Vitória passou mal na noite de sábado. A família procurou atendimento médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Monte Cristo e no Hospital Manoel Novaes, mas não conseguiu em nenhum das duas unidades.

"Quando nós chegamos na UPA, eles só olharam a menina, e mandaram trazer para o Novaes [Hospital Manoel Novaes]. Só que quando viemos à pé de lá da UPA para o Novaes, as atendentes do balcão nem chamaram ninguém para poder ver o que é que a menina tinha. A menina agoniada na frente deles, que estava sentindo muita dor, elas pegaram e mandaram a gente de volta para casa. Quando chegou no meio do caminho e a gente foi olhar, a menina já estava morta nos braços dela [da mãe]", contou Eliomar.

O padrasto e a mãe da criança estavam a pé e não tinham dinheiro suficiente para pegar um transporte até a maternidade maternidade Ester Gomes, onde segundo a prefeitura da cidade, a família foi orientada a levar a criança. A maternidade fica afastada do centro da cidade, e seria necessário ir de carro ou outro transporte para a unidade de saúde.

Depois de não conseguir atendimento na UPA, que era o local mais próximo de onde estavam, o casal decidiu levar a criança a pé até o Hospital Manoel Novaes, no bairro Alto Maron. Lá, eles também não conseguiram atendimento. O hospital não tem atendimento à portas abertas, o acesso é somente via regulação, e a criança com os responsáveis não chegaram a passar do portão.

"A gente voltou para a UPA de novo, e foi preciso fazer o maior escândalo lá para eles poderem ver a menina. Será que eles não têm filhos? Que não estão sentindo essa dor? Olha o estado dela, gestante. Isso está errado", desabafou Eliomar.

A Santa Casa de Misericórdia, que administra o Hospital Manoel Novaes, informou por meio de nota que conforme contrato com a Prefeitura de Itabuna, só está autorizado a atender pacientes de cirurgias eletivas e pacientes devidamente regulados pela gestão local do Sistema Único de Saúde (SUS). Esse fluxo foi estabelecido em contrato firmado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

De acordo com a Santa Casa, a SMS estabeleceu ainda que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Monte Cristo e a Maternidade Ester Gomes são os únicos com atendimento de portas abertas SUS. Informou ainda que existiu um equívoco na informação de que foi negado atendimento à criança.

Disse ainda que não procede a versão de que os pais da criança teriam sido informados que a unidade só atende pacientes particulares. Desde quando o município estabeleceu o fluxo, a unidade foi estruturada para o atendimento apenas a pacientes regulados, e desde então não atende pacientes particulares em regime de urgência/emergência.

A Santa Casa lamentou que a criança tenha perdido a vida e disse que o problema de saúde deveria ter sido identificado e tratado na assistência básica, com estrutura de Unidades Básicas de Saúde/Programa Saúde da Família (UBS/PSF).

Em nota, a Prefeitura de Itabuna disse que, depois da menina ter chegado à Unidade de Pronto Atendimento pela primeira vez, os pais foram orientados a encaminhá-la à maternidade, porque a UPA está atendendo somente casos de adultos acometidos pela Covid-19. No entanto, ela foi levada ao Hospital Manoel Novaes, que é administrado pela Santa Casa de Misericórdia.

Ainda de acordo com a nota, retornando à UPA, a menina já não tinha mais sinais vitais. Segundo a família, ela já apresentava um quadro de diarreia, febre e expulsava vermes pela boca.

Eloísa Vitória foi sepultada no domingo (6), em Itabuna.

Informações do G1


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