Operação Faroeste: ex-cantora da Timbalada é suspeita de operar propinas
A artista foi envolvida no caso a partir de informações prestadas pelo advogado Júlio César Cavalcanti Ferreira em delação premiada homologada pela Justiça Federal após a quinta etapa da investigação realizada em março. Ele revelou aos investigadores como se dividia a suposta organização criminosa e apontou familiares de magistrados como operadores do recebimento das propinas obtidas com a venda das decisões judiciais. Parentes seriam usados por juízes e desembargadores para como 'via de drenagem de recursos criminosos'.
"Maria do Socorro usava, possivelmente, suas filhas Mariana Santiago, Luciana Santiago e Amanda Santiago como vias de captação de vantagens indevidas, demonstrando preocupação com a incorporação de bens em seu nome", afirma o Ministério Público Federal.
Para a defesa da desembargadora, o envolvimento das filhas é uma tentativa de 'coação'. "Querem que minha mãe delate o que ela não tem a delatar, mas querem forçar de qualquer jeito. Por isto estão tentando nos atingir, as filhas, para atingir a minha mãe de qualquer jeito. Quero dizer a todos que ela não delata porque nada fez, tudo isto é mentira", afirma a filha Mariana, que é advogada.
As investigações da Procuradoria apontaram que, embora tenha declarado renda mensal de R$ 1 mil, Amanda Santiago movimentou mais de R$ 8 milhões no período analisado pelas autoridades - o que ela nega (assista abaixo o vídeo). O marido dela, Miguel Vieira, também é investigado.
"As buscas em desfavor de Amanda Santiago encontram justificativa na necessidade de se emoldurar toda a intrincada engenharia financeira corrupta de sua genitora, a Desembargadora Maria do Socorro, numa jornada milionária de pulverização de ativos que não cessou nem mesmo sua prisão", escreveu a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, em ofício enviado ao ministro Og Fernandes, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), pedindo autorização judicial para cumprir uma série de medidas cautelares e buscas nas novas etapas da Faroeste.
A análise das movimentações bancárias da artista mostram ainda operações financeiras com Adailton Maturino, apontado como chefe do braço do esquema voltado especificamente para a venda de sentenças para grilagem de terras no oeste baiano, e a esposa dele, Geciane Maturino, em valores que podem chegar a R$ 1 milhão.
Em julho, o blog publicou um artigo escrito por Luciana, uma das filhas da desembargadora, pedindo a soltura da mãe em razão do risco de contaminação pela covid-19. A publicação foi compartilhada por Amanda nas redes sociais com o questionamento: "O que você faria se fosse sua mãe?". O último recurso apresentado pela defesa da magistrada para obter o relaxamento de sua prisão preventiva aguarda análise no Superior Tribunal de Justiça há três meses.
Em nota, a defesa de Maria do Socorro afirma que a busca e apreensão realizada na casa de Amanda tem a finalidade de 'inviabilizar o julgamento do agravo regimental em que se discute a real necessidade da prorrogação de uma prisão cautelar que já ultrapassa um ano'. A manifestação afirma ainda que Amanda 'jamais recebeu qualquer valor advindo de qualquer prática de crime, seja em nome próprio ou de sua mãe' e que a artista fez movimentações compatíveis aos rendimentos e patrimônio construído ao longo da carreira. Destaca também que, durante a prisão da desembargadora Maria do Socorro, a filha 'detém procuração para receber os rendimentos da magistrada e arcar com as respectivas defesas'. Conteúdo Estadão
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