Notícias em Destaque

Estudante trans denuncia que teve nome social ignorado em hospital de Camacan

Uma estudante de 21 anos denunciou profissionais da Fundação Hospital da Mata Atlântica, em Camacan, no sul da Bahia, por transfobia. A jovem afirma que o nome social dela foi ignorado durante o atendimento na unidade e que foi encaminhada para uma enfermaria masculina.

Maria Elis Ramos conta que procurou o atendimento médico após ficar com febre e pressão baixa. A identidade de gênero teria sido ignorada pelo funcionário da recepção, no momento que ele fazia a ficha.

“Apesar da minha certidão ser retificada, o meu RG ainda não é. Solicitei que ele adicionasse o meu nome social, que é o meu nome, que já está retificado, que é Maria Elis, e ele continuou me tratando no masculino, me chamando pelo nome do documento”, contou a estudante.

Depois da triagem, Maria Elis conta que continuou sendo constrangida. A enfermeira do plantão, em todo tempo, se reportava a estudante pelo nome antigo.

Quando Maria Elis finalmente foi encaminhada para o atendimento médico, ela sofreu outro tipo de violação.

“Quando entrei na enfermaria já era outra recepcionista. Essa senhora falou para eu me encaminhar para a enfermaria masculina, eu perguntei se a feminina ou outra que não fosse masculina tinha espaço ou leito vago e ela disse que não, que era para eu ir para essa mesmo”, afirmou.

Maria Elis tirou uma foto no hospital enquanto aguardava atendimento. A imagem viralizou nas redes sociais e chamou atenção de grupo de ativistas pelo direito à saúde, como o movimento “O povo e o SUS”.

A coordenação do movimento pretende entrar com uma representação no Ministério Público da Bahia (MP-BA).

“Toda pessoa tem direito a um atendimento humanizado e acolhedor nos serviços de saúde do SUS. A gente vai entrar com representação no Ministério Público do Estado, para que ele recomende ao Consórcio de Municípios, medidas para coibir casos como esses e que capacite os profissionais", disse o coordenador do movimento, Shauan Keven Fontes.

No Brasil, a alteração do nome no Registro Civil de Nascimento, de forma administrativa, ou seja, sem a necessidade de passar pela Justiça, foi autorizada em 2018.

Para incentivar o uso de nomes sociais em serviços de saúde, o movimento “O povo e p SUS”, juntamente com a Universidade Estadual de Santa Cruz, disponibilizaram uma cartilha na internet.

“É para profissionais da área da Saúde, que ensina como utilizar o nome social ou o nome retificado para pessoas transexuais ou travestis nos serviços de saúde”, explicou o coordenador do movimento.

Maria Elis espera que o uso do nome social de travestis e transexuais seja respeitado nas unidades de saúde e em outros setores da sociedade.

“É realmente um constrangimento, é vexatória, humilhante. A todo momento a gente é invalidada, mas as instituições precisam olhar para gente e que estejam preparadas para nossas sociedades”.

Em nota, a Fundação Hospital da Mata Atlântica disse que repudia todo e qualquer ato discriminatório de cor, gênero e etnia. Disse ainda que instaurou uma sindicância interna para apurar o caso e tomar medidas cabíveis. Do G1

Nenhum comentário