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Depois de nove meses… Ilhéus não vê o resultado!

Depois de nove meses, nada de resultado. Ilhéus continua segurando o “tchan”, amarrando esperanças e vendo alguns “arrebentarem no pedaço” lamentavelmente pagamos com os recursos públicos.

(Risos).A tal renovação prometida não está no compasso do axé e o refrão (“a culpa é de quem passou”, “estamos com dificuldades”) já não empolga mais ninguém. Nem o papa da gestão passada.

O palco segue iluminado e a banda se apresenta como se fosse aquele pagodão que só a gente sabe fazer — mas, quando começa a tocar, tudo vira sofrência. Muita coreografia, muito barulho, mas com aquele som estourado igual do São João Amado em alguns momentos. E quem acaba requebrando para segurar o ritmo é a população que continua sofrendo. Desse jeito, esse samba não endireita.

E cá entre nós, quando nos prometeram mudar os rumos da cidade, pensamos em obras, nos avanços da saúde, no saneamento, educação, segurança… mas a “renovação” foi só no trânsito e, além de confusa, mudou para a pior com desaprovação popular e ainda por cima só nas áreas nobres. Faz tempo que não vemos música nos Altos ( cadê o viva o morro? Caminho dos altos ? E não posso nem falar nos distritos, nos bairros mais distantes. Acreditávamos que a renovação seria um pagodão baiano, até porque, o líder de uma banda que até lá teve insucesso, e o pior até hoje não aprendeu a tocar , dançar e cantar o tal pagode da renovação. Mas, é preciso saber tocar o que o povo gosta e não chegou lá ainda.

Ilhéus perdeu prestígio político e isso não é segredo para ninguém. Estado e União ignoram o município, os deputados, que antes viviam por aqui, com emendas, com projetos, com entregas, hoje, desapareceram. A Princesinha do Sul, a Cinderela da região, hoje vive seus dias de gata-borralheira, esperando pelo seu sapatinho de cristal.

Essa é uma crítica de mão dupla, há descaso deliberado de quem comanda o Estado, como se a cidade pudesse ser empurrada para o fundo do palco sem reclamar. Mas a banda que está tocando em Ilhéus hoje precisa tomar atitude, o atual governo municipal precisa encontrar algum caminho e reabrir as portas para chegar a Salvador e a Brasília.

Chega de refrão chiclete! São nove meses e esse governo precisa parir. Sim, foram herdados muitos problemas, mas isso não é inédito. Em 2017, quem assumiu recebeu Ilhéus com a fama de mau pagador, de que não conseguia cumprir prazos, fazer projetos – um bom exemplo foi a construção da Ponte Jorge Amado –, isso sem falar dos servidores e suas rotinas de greves e paralisações, inclusive, essas precatórias que seguem dando trabalho para Ilhéus, vêm daqueles tempos. E, como o mundo dá voltas, ironicamente, o cantor solo de antes de 2017 (pela quarta vez), hoje é o “empresário” dessa banda.

Quando o governo anterior assumiu, também não tinha ritmo na prefeitura, ela até tinha subido a Conquista, para ficar mais escondidinha do público, mas mesmo assim, com articulação e acesso aos grandes, Ilhéus conseguiu retomar obras, atrair investimentos e ser respeitada.

Para mim, é muito clara a diferença de ritmo na capacidade de diálogo. Hoje, não se dança conforme a música; por não saber ou por não gostar do estilo que tocam nos trios de Salvador ou Brasília. Mas, como já disse em outros momentos, nos tempos de campanha, cada um dança a sua música. Depois que se torna governo, é a população que escolhe a música e o governo precisa seguir o compasso, independentemente das diferenças partidárias. É preciso tocar de tudo e Ilhéus precisa voltar a frequentar os grandes palcos como sempre aconteceu.

Está mais do que na hora do município ir além das capinas, pinturas de meio-fio ou mudanças no trânsito da região central. O ilheense precisa voltar a ser protagonista, precisa voltar a se ver nos Altos, nos distritos, nas ações junto à agricultura familiar, de saúde nos distritos, nos postos de saúde funcionando em horários estendidos, conjuntos habitacionais inaugurados. Ilhéus tem capacidade de voltar a atrair os grandes investimentos, as grandes empresas ou, estar nas listas dos participantes dos grandes programas como foi com o PAC Seleções — aliás, alguém sabe me explicar que fim levou essa história? O projeto era para resolver problemas nas encostas e das enchentes, mas nunca mais ouvi nada sobre o assunto?

São nove meses de governo, nove meses da mesma música cantada, nove meses e só queremos saber quando que o show da renovação vai realmente começar. Por isso, reafirmo que cantar o refrão “a culpa foi do outro” não dá mais. Depois de nove meses, todo mundo quer ver o resultado!

Mas a banda que toca Ilhéus continua segurando, amarrando e até agora, nada de tchan, tchan, tchan, tchan!

Artigo do professor Emenson Silva.

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