PEC da Blindagem ou PEC da pilantragem?Que tem…, tem PEC!
Não que isso resolva a situação, mas, ao menos, a oposição conseguiu derrubar o voto secreto do projeto. O que nos permitiu, a partir de dados da própria Câmara, saber que, no primeiro turno, 353 deputados votaram a favor, enquanto 134 foram contra. Já no segundo turno, o placar ficou em 344 a 133 para o “sim” e ficou claro quem garantiu um tapete para esconder toda a suposta sujeira. A direita e a extrema-direita votaram em peso pela blindagem, com PL, PP, União Brasil e Republicanos puxando o bloco. Do outro lado, a esquerda tentou resistir: PT, PSOL, PCdoB e aliados até se posicionaram firmes, apesar dos 12 votos petistas a favor, mas acabaram reduzidos a uma nota de rodapé nessas novas páginas de nossa história. O projeto segue para o Senado e, se aprovado na Casa, deve ser vetado pelo presidente Lula. O veto, provavelmente, será derrubado no Legislativo e, mais uma vez, caberá aos ministros de togas avaliar a constitucionalidade ou não da PEC.
Mas e aí, vamos só assistir essa gente que deveria nos representar buscar meios de proteger-se, ou vamos mostrar que tapetes devem ser lavados e muito bem lavados, pois somos nós quem pagamos as contas dessa lavanderia?
A PEC não anda sozinha, e uma comoção pública pode fazer com que o Senado repense as vantagens ou não dessa aprovação. Além da blindagem, o Congresso também busca votar a anistia. Os nobres deputados e, mais uma vez, em sua maioria, do lado mais à direita da Câmara, procuram uma forma de fazer com que o ex-presidente, atualmente condenado pela Justiça a mais de 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado, possa se safar. Mas aqui a coisa complica um pouco mais, pois alguns textos surgiram e continua-se negociando o real teor dessa possível anistia. Nem todos os aliados gostam da ideia de uma anistia geral que, além de eliminar os crimes do ex-presidente, devolveria também seus direitos políticos. Caso isso aconteça, tem gente que apesar de estar doidinha para se mudar para Brasília, terá que se contentar (não que seja pouca coisa) a buscar o amor que deixou de existir em SP.
Torço para que o grande exemplo de país que defende a sua democracia e toda a comemoração dos últimos dias não tenham sido em vão. E, mais uma vez, que a pressão popular se mostre soberana às convicções e conveniências. Principalmente quando nos aproximamos de eleições estaduais e federais.
Enquanto isso, o judiciário segura a corda (ao menos segurou recentemente, apesar de eu achar que não seja o melhor caminho para proteger a nossa democracia, que ainda engatinha). O executivo está mais para prato feito. Já o legislativo tenta impor um parlamentarismo às avessas, minando cada vez mais o poder do presidente e de sua turma.
Trazendo a reflexão para mais perto da gente, sabemos que, com ou sem bronzeamento artificial, o herdeiro dos Magalhães, o ACM Neto, apoiador direto do governo local, caminha junto dos deputados baianos favoráveis à blindagem e será, provavelmente, um dos candidatos ao governo baiano.
Isso posto, recorro a duas expressões populares para concluir a análise. Toda essa gente que ignora o povo e trabalha apenas pelas próprias necessidades e as de seus “amigos”, usando e abusando do dinheiro público, são, como dizem, “farinha do mesmo saco”. E esse corporativismo me faz lembrar do provérbio bastante popular, “diga-me com quem andas e direi quem és”. Assim, ao fazer um exercício de aproximação, ligando os pontinhos mesmo, consigo imaginar todo esse bando aprovando blindagens, anistias e tudo que os privilegiam.
O que me alenta é que ainda temos a nós mesmos e, somos nós quem comandamos a moeda mais importante da política: a popularidade! Por isso, permito-me crer que a história não precisa e não vai acabar assim. A reação popular já barrou outras manobras. Acabamos de ver a nossa democracia vencer um processo histórico. Então, não vamos deixar que ela seja colocada à prova novamente.
Cabe a cada um de nós vigiar. Usar dessa moeda para deixar claro para o Senado que, aprovar esta PEC pode ser um grande tiro no pé. Precisamos entender o que realmente acontece na política e não só a do país não, política começa dentro de casa, em nossas ruas, bairros e chega até no norte do continente, já que tem quem se diga patriota, mas trabalha dia e noite para prejudicar a economia daqui. Para mim, isso se chama traição à pátria.
Precisamos acompanhar cada candidato que se propõe a um cargo público, desde os do Conselho Tutelar até a Presidência. Não basta termos um político para “criar” ou ficarmos repetindo suas frases feito papagaio. É hora da gente questionar, entender o que é verdade e o que não é, cobrar, escolher representantes que não querem o Brasil apenas para si e para os que concordam com eles. Precisamos de representantes que se comprometam com o Brasil enquanto nação, com o povo brasileiro. Tomar o que é nosso significa justamente isso: nos proteger e, dessa forma, não eleger políticos que continuam preocupados apenas com a própria proteção.
Em 2026, espero ver um Congresso plural, com uma maioria disposta a trabalhar por nós, a levantar todos os tapetes e jogar a sujeira no lugar certo, a lata de lixo!
Por: Professor Emenson Silva
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