Viva o Morro 2.0: o novo de novo?
Mas, sejamos justos, nesse meio tempo entre o 1.0 e o 2.0 do Viva o Morro, tivemos o Caminho dos Altos, e vemos os reflexos espalhados pela cidade. Foram dezenas de Altos e Morros beneficiados e ilheenses que passaram a ter a dignidade de chegar em casa sem precisar pisar na terra ou na lama.
Além da nova versão do programa antigo, o que mais? Ilhéus está em estado de inércia e não é a boa, não, a do corpo em movimento que continua em movimento (mais ou menos assim, física não é o meu forte), mas justamente a oposta. Ilhéus de paradinha, paradinha está e já estamos no final do primeiro ano de governo. Quando vamos ver a política acontecer de verdade? As negociações, as tratativas em Salvador, Brasília? As visitas de deputados? Ultimamente, a gente vê muitas notícias assim de nossos vizinhos e, por aqui, esperamos pelos três dias de Ano Novo.
E, para ficar bem claro, o problema não é comemorar, eu mesmo adoro e faço questão de festa, mas, quando a festa passa a ocupar o lugar da gestão, algo está fora do eixo. Nenhum palco substitui uma política de saúde eficiente, nenhuma iluminação de evento ou pirotecnia resolve a falta de investimentos ou a evasão escolar (pois é, infelizmente isso tem acontecido por aqui).
Outra questão que tem me incomodado é o silêncio sobre o PAC Seleções, que poderia ser um grande avanço para os problemas sérios enfrentados há anos pelas comunidades dos morros e altos. Fomos selecionados em duas modalidades do programa do governo federal, em 2025: a de macrodrenagem e a de contenção de encostas. Seriam mais de 160 milhões de reais em investimentos, se não me falhe a memória. Ilhéus foi escolhida por ter apresentado um projeto muito bem elaborado, com base em estudos técnicos e precisos, mas o processo continua e a atual gestão precisa seguir com estes estudos, cumprir etapas exigidas pelo programa e prestar contas. Quero crer e muito que isso esteja acontecendo e, que fique muito claro aqui, não estou colocando nada em dúvida, mas buscando respostas sobre a quantas andam os processos do PAC Seleções?
E olhe, digo tudo isso não por implicância, mas por amor. Falo de uma cidade onde nasci e cresci, que carrego nas lembranças e nas esperanças. Ilhéus é feita de força, de suor, de gente que acredita e trabalha, mesmo quando o poder público parece ter desistido ou estar com sérias dificuldades de cumprir suas funções. O que queremos não é milagre nem espetáculo, é prioridade, governança e compromisso com o básico. Ilhéus sempre foi protagonista na política sul-baiana e não pode deixar de ser. E quem sabe, um dia, possamos celebrar um “Viva o Morro” que realmente viva, que saia do papel e devolva à cidade a dignidade que a nossa querida Ilhéus merece.
Por: Professor Emenson Silva
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